sábado, 8 de fevereiro de 2014

Pepper Mind, fotografias de Guillermo Aldaya

Pepper Mind, by Guillermo Aldaya / PhotoConversa
“Meu conterrâneo, o grande poeta cubano Alberto Serret, disse que admirava a plasticidade da minha poesia e a poesia da minha obra plástica. Eu gostei da ideia. E o que é melhor / pior, acreditei nela.

Trinta anos depois, parece que certos ingredientes da fórmula insinuada por ele continuam os mesmos.

Três séries, recentes, aprofundam de maneiras diversas no lado sensual-erótico que sustenta essa poética. Em ‘Eros’ mergulho em corpos alugados. ‘Physical’, série em andamento, é um regresso a mim mesmo, às origens sem limite de uma retórica que -meu amigo ia gostar- quer apenas ser livre... de retóricas, de preconceitos.

Em ‘Pepper mind’, representada aqui por vinte imagens, construo um corpo de fronteiras duvidosas... A forma original é um pretexto, pouco importa; é mutilada, distorcida; é um instrumento em função de uma metáfora que, vítima (?) das tantas armadilhas da mente, se insinua, escorrega, incomoda, se desfaz em outras, muitas figuras, mais ou menos poéticas, até para mim desconhecidas.

O branco, o preto e os cinzas consequentes, a preocupação formal e o rigor evidente ao compor, são temperos com prazo de validade indeterminado: já são quatro décadas de uso! O lápis, a pedra litográfica, aos que há uma referência inegável, cederam espaço a lentes, sensores, diafragmas... A outras luzes. A diferença abismal entre ambos mundos não vai mudar, porém, nestas fotos, o que é destino marcado de toda criação: o êxtase, a indiferença, a rejeição, a apropriação... ficam por conta do espectador. O artista não passa de um simples provocador.”

Aerocaudas

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014